Nem lembrava que isso aqui existia.
Grata surpresa!
domingo, 14 de abril de 2013
domingo, 8 de novembro de 2009
Quando pensava em parar, o telefone tocou. Então uma voz que eu não ouvia há muito tempo, tanto tempo que quase não a reconheci (mas como poderia esquecê-la?), uma voz amorosa falou meu nome, uma voz quente repetiu que sentia uma saudade enorme, uma falta insuportável, e que queria voltar, pediu, para irmos às ilhas gregas como tínhamos combinado naquela noite. Se podia voltar, insistiu, para sermos felizes juntos. Eu disse que sim, claro que sim, muitas vezes que sim, e aquela voz repetiu e repetia que me queria desta vez ainda mais, de um jeito melhor e para sempre agora.
sábado, 7 de novembro de 2009
Às vezes a palavra falha. Ainda não tenho todas elas, pois você é uma história que nunca termina, um poema que sempre começa, a inspiração que sempre me desperta. Você é meu riso repentino, meu vício quase que diário. Você está entre as coisas mais raras que Deus colocou no mundo, e que por mera distração colocou no meu destino. Você que me melhora, que me traz as coisas boas. Que me traz forças, me traz esperanças. Você confia mais em mim do que eu mesma. Você que me leva para Paris, Buenos Aires, Grécia, ou para qualquer lugar que eu quiser sem nem mesmo me tirar do lugar. Você que está em tudo que eu faço. Você que compartilha passo a passo dos meus piores e melhores momentos. Você que realiza meus desejos como se fosse uma estrela cadente caindo sem nunca parar. Você que me faz mais humana, mais sonhadora. Você que me faz mais bonita, mais bem humorada. Você que é meu cúmplice. Nós que seguimos os passos da amizade até chegar ao amor. Amor incondicional e intransferível, que não ficará a mercê do tempo, da distância, de outros amores. Amor dado não se pega de novo. Amor dado não pode ser perdido ou trocado. Quero você na minha vida inteira “ e ainda na manhã do outro dia...” . Quero não me perder de quem me faz bem, de quem me quer bem, de quem me inspira, de quem faz os dias serem fardos mais leves. A palavra falha, tenho certeza.
quando deixamos a distância existir?quando desistimos pela primeira e errada vez?quando aceitamos deixar o amor passar?ainda penso receber recados teus vindo da Irlanda,New York, Alemanhã, Siri-Lanka ou Mariscalainda penso em uma palavra bonita tuaque me despertasse para sonharainda tenho medo de caminhar na praiaquando é noite,mas tua falta me fez mais corajosadepois de tantas madrugadas quetenho atravessado(I spend hours n' hours thinking about you...)
as palavras que um dia te trouxeramnão irão trazer de novoe eu tento te imaginarcomo um dia te amei sem conhecer teu rostocomo o dia em que te gravei entre carne e peleplanto lírios como quem planta um acervopara as memóriasplanto lírios como quem espera o amorflorescer em breve(I spend hours n' hours thinking about you...)
que um amor te aconteçaque um amor te salveque um amor te cuide(I spend hours n' hours thinking about you...)
continuo te escrevendopara que meu coração se inspirepara que meu coração se lembre:
as palavras que um dia te trouxeramnão irão trazer de novoe eu tento te imaginarcomo um dia te amei sem conhecer teu rostocomo o dia em que te gravei entre carne e peleplanto lírios como quem planta um acervopara as memóriasplanto lírios como quem espera o amorflorescer em breve(I spend hours n' hours thinking about you...)
que um amor te aconteçaque um amor te salveque um amor te cuide(I spend hours n' hours thinking about you...)
continuo te escrevendopara que meu coração se inspirepara que meu coração se lembre:
o que virá para mim amanhã, também não sei depois de tanta loucura,tantas fugas, precipitações,depois de tanto amor,tanta doçura, explosãoo que virá, viráse ficar, que não seja em vãoque não seja mais um erroque não seja mero atraso embora tudo que venha fiquenem que se modifique,que ao vir logo vir e recordação
Remexo dentro de mim,nem sempre é fácilsaber a parte de nósque ficou no caminho:toco... faço a ferida arder.Sentir a ferida, é a maneiramais rápida de curá-la.Nada em mim foi covarde,nem mesmo as desistências:desistir, ainda que não pareça,foi meu grande gesto de coragem.
Remexo dentro de mim,nem sempre é fácilsaber a parte de nósque ficou no caminho:toco... faço a ferida arder.Sentir a ferida, é a maneiramais rápida de curá-la.Nada em mim foi covarde,nem mesmo as desistências:desistir, ainda que não pareça,foi meu grande gesto de coragem.
O amor nunca vem antes, não há oração, coração ou simpatia para que ele se anteceda. Vencer a nós mesmos, vencer a própria pressa, suportar e decifrar o descaso e descanso da hora. Esperar. Esperar como se não tivessemos urgência, esperar como se a espera fosse o último motivo de não ir para frente. O amor nunca vem antes. Nunca antes da paixão, nunca antes da primeira oportunidade para pular do barco, nunca antes de conhecer o outro tão fundo a ponto de desistir. O sentimento seleciona ou anula, e entre um sim ou um não a linha é tão tênue e ao mesmo tempo um enorme abismo. Sim ou não. Uma escolha rende a história de uma vida, ou de duas. Escolher quando a chance de ser escolhido é bem maior. O amor nunca vem antes... sempre virá depois do que pensamos ser amor.
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Cáh Morandi
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Cáh Morandi
Caio Fernando Abreu, 1987Meu nome é Caio F. Moro no segundo andar, mas nunca encontrei você na escada."Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia – eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas. Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto – preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio – tão cansado, tão causado – qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios – que importa? (Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio – viria? virá? – e minto não, já não preciso.) Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã."
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